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Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros

Acordamos cedo, café da manhã e busca de informações com os coleguinhas de pousada. Partimos rumo à portaria do Parque Nacional (uns 2 km do centro de São Jorge), no caminho demos carona p/ um casal que logo evaporaram assim que estacionamos. Assinamos o livro de visitas e enchemos o cantil. Munidos do mapinha iríamos testar minhas reais condições físicas: 110 kg de gordura sedentária moendo as articulações, comprimindo meu pulmão e exigindo um esforço mastodôntico para amarrar a bota! O Carlão estava bem preparado fisicamente: 1 ano de musculação, natação e fisioterapia p/ o joelho rompido, ou seja, iria ser um massacre.  

Folder do parque em mãos, definimos um roteiro = Canyon + Cachoeira da Carioca + Saltos I e II. Pegamos a trilha rumo ao Canyon. Caminhada fácil, bem demarcada, bifurcações tranquilas, o sol tostava minha careca enquanto Carlota brincava de Araquém Alcântara com sua máquina nova. Durante os 5km de ida, passamos por belos visus, buracos de garimpo, algumas pinguelas com pouca água, outras secas, muitos lagartinhos e pássaros. Alcançamos nosso primeiro ponto de parada: o Canion II. Lugar muito bacana, ótima sensação de boas vindas. Curtimos bem o Rio Preto e suas ferrosas água escuras (e transparentes). Muitos peixes, demos alguns tchibuns refrescantes. Na saída encontramos um grupo, deviam ser gringos, ainda não sabíamos, mas seriam os únicos visitantes que avistaríamos durante o dia em todo parque! Vale lembrar de um casal de maritacas, curiosas, que ficou o tempo todo nos acompanhando!

Seguimos rumo à Cachoeira da Carioca, o sol ainda castigava minha cútis sensível, alguns mini canyons pelo caminho deliciavam nossos olhos e máquinas fotográficas vorazes. Tudo muito bonito. A trilha continuava muito bem demarcada, realmente não existia a necessidade de contratar um guia. Já chegando ao destino, descemos pela trilha (relativamente íngreme) e o cheiro de xixi impregnado nas narinas denotava que seria realmente o caminho certo. Nada que atrapalha-se o passeio, mais um banho refrescante nas águas escuras e geladas do Rio Preto, e já estávamos pronto para prosseguir na caminhada. Bacana que tem uma espécie de laje dentro da água, que dá para deitar, fica tipo uma banheira, muito bom, coisa chique, perdemos (ou ganhamos) ou bom tempinho por ali. 

Retornamos para a trilha, o sol estava rachando o côco, seguimos as setas pintadas pelo chão, mais uma horinha de caminhada num chão pedregoso. Comecei a cansar e diminuir o ritmo, algum sobe-desce e já me distancio do Carlão. Assim como Anchieta, rezei por uma sombra, e ela veio! Alguns minutinhos de nuvens tapando o sol me deram um novo ânimo. Chegamos finalmente ao Mirante do Salto do Rio Preto. É o cartão postal do parque, aquela foto famosa dos saltos d´água. Beeeeem bonito. Descansar e fotos. Descemos pela trilha até os Saltos para reabastecer o cantil. Dessa vez não houve mergulho. Estava entardecendo e decidimos de última hora seguir até às Corredeiras! Tínhamos, anteriormente, combinado que o Salto seria nossa última parada, mas a Carlota começou a chorar e já viu né. Subidinha chata e mais uns 30 minutos de caminhada que foram quase letais para o meu corpinho nada esbelto. Enquanto o Carlão ficava pentelhando lá na frente p/ eu acelerar, só pensava numa maneira bem dolorida de torturá-lo até a morte, assim que o alcançasse, claro.  

Chegamos, finalmente desabei na água, observamos o pôr-do-sol numa hidromassagem exclusiva nas Corredeiras. Muito legal, um cem número de cores pintavam as nuvens desenhadas no céu. Alguns casais de araras, lá do alto, nos faziam companhia. Fechamos o dia com chave de ouro, a sensação era de total exclusividade. Pensávamos: como pode? início de alta temporada, férias escolares e o parque sem ninguém?!?! Agraciados pela oportunidade de estarmos lá, muita coisa passava pela cabeça e ao mesmo tempo nada.  

Ainda faltava a volta, mas agora sem pressa, já havia escurecido mesmo. Me arrastando cheguei à portaria do parque. Somamos 21,5 km percorridos. Não teve erro, o folder com as trilhas é auto-explicativo, com direção e distâncias, não tem como se perder. Já era noite e o segurança vendo TV não demonstrou muita preocupação com nosso atraso, aliás nenhuma. Estávamos exauridos, mas ainda faltava a parte mais importante do dia: o almojanta! Gordo é foda, já saímos na caça de um lugar para comer. Indicado pelo funcionário da pousada, fomos a um restaurante em frente ao mercadinho, mas não tinha mais comida!!! Até tinha, o problema é que a dona deveria estar esperando por algum grupo, pois simplesmente fomos expulsos do lugar. 

Seguimos para outro estabelecimento, uma espécie de spoleto do lugar. Comida boa, revigorante. Alguns discos voadores pendurados no teto. Nas paredes ETs e fotos dos atrativos da região (úteis para nos dar um norte p/ seguir). Logo um pai e filho que estavam hospedados em nossa pousada sentaram conosco. Seriam nossas companhias no dia seguinte, pelo menos o destino já estava definido: Cachoeira do Segredo. Agora só faltava saber onde ficava e ir.

O Parque Nacional da Chapadas dos Veadeiros é bem legal. Foi ticado com louvor. Belas paisagens. Merece certamente uma outra visita. Disseram que iria abrir uma portaria em Cavalcante. Pretendo retornar para fazer a travessia das 7 Quedas (23 km).



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