Páginas

Chapada da Diamantina - Cachoeira da Fumaça



Acordamos cedo, café da manhã caprichado e partimos para a Cachoeira da Fumaça (por cima). Hoje seria o nosso primeiro dia de trilha na chapada. Estrada de terra, sol rachando o coco, e logo estacionamos perto da entrada da trilha. Nosso guia, Paulinho PT, novamente não seguiu conosco, assim como nos outros dias, ficou no carro esperando. Mas acho que ele estava com problemas de saúde, talvez diabetes e depressão por perder a esposa (ela saiu de casa). Ali já rolou um esqueminha porque agendamos o almoço num buteco/lanchonete/restaurante e depois descobrimos que a dona do estabelecimento era a prima dele. Mas beleza.

A trilha não tem erro, uma reta só, aliás, é possível observar de longe, na estrada, o caminho intemperizado e erodido no morro. Logo, driblamos uns ripongas vendendo "artesanato" e uma associação de monitores cobrando alguma contribuição e já estamos subindo. Não existe portaria nem ingresso, inclusive tinha um pessoal do IBAMA por ali, talvez bolando algum manejo, sei lá. Como eu estava bem fora de forma, cansei um pouco, mas logo chegando num mirante deparei-me com um vendedor e seu isopor cheio de coca-cola. Obviamente redistribui renda e aproveitei para hidratar-me. O visu é bem bonito, agradável, mas tinha uma galera, muito gringos. Era possível observar a entrada do Vale do Paty pelo Capão, no dia seguinte estaríamos ali. Quase todos os coleguinhas turistas estavam com guia, pessoal não gosta muito de turista sem guia, alguns olhares atravessados. Algum tempo depois já estamos na parte de cima do morro, bela paisagem.

Mais alguns minutinhos e alcançamos o mirante principal. Lindo, lindo. Muito legal. Um pequeno congestionamento para ficar na beirinha e tirar fotos. Só faltava uma sombrinha, sol incomodando. Bom, milhares de fotos, mini cagaço de olhar para baixo na beirada, um segura o outro, bem divertido. Aos poucos a galera foi vazando e por alguns instantes tivemos o pico praticamente só para nós. Na verdade este rolê da cachoeira da Fumaça geralmente é vendido com outro rolê junto, tipo mais uma cachoeira para banho, mas decidimos ficar mais tempo para curtir o pico mesmo. 

Caminhamos até outro mirante à direita da cachu, onde era possível ver a queda do vaporzinho da cachoeira da Fumaça. Estava bem fraco mesmo, provavelmente pela época. Mais um tempinho sussa e decidimos retornar, a fome já surgia. Tão logo estamos novamente na trilha, lembro que deixei meus óculos para trás e retorno para procurá-los. Depois de um tempo encontrei e prosseguimos. Já quase no fim paramos um pouquinho para descansar antes da última decida até o povoado, lá o visu também é bonito. Eu estava bem cansado, e um pouco preocupado para o dia seguinte, a travessia do Paty. Chegamos e almoçamos no restaurante/boteco indicado, comida ruim, não curti. Partimos para Palmeiras e fizemos um mercadinho para a trilha de 4 dias. Óbvio que exageramos um pouco. Já na pousada combinamos de sair cedinho (07:00) com o Paulinho PT, só o pagaríamos na manhã seguinte, quando ele nos deixasse na entrada da trilha no Capão. Aproveitamos para definir todo roteiro da travessia e pegar dicas preciosas com o Léo Gatão. Ele ainda não se conformava de estarmos indo fazer sozinhos, sem guia, a caminhada. Hora de nanar e guardar as energias.

A Cachoeira da Fumaça é muito bonita, ticado com louvor, mas existem picos ainda mais deslumbrantes na própria chapada. Gostei muito de conhecê-la, mas não pretendo voltar tão cedo.  



Chapada da Diamantina - Lapa Doce

Acordamos cedo, um banho rápido e pamonhas no café da manhã! Que delícia! Tinha pastel de banana também... muito bom. Mochilas arrumadas fomos conhecer nosso guia, o Paulinho PT, que já nos aguardava na recepção. Aliás, ele não foi bem um guia, ficou mais para motorista, mas valeu, era o que precisávamos. Carro com ar condicionado (Deus é pai), partimos rumo à nossa primeira parada, a Lapa Doce. Depois de um tempinho de estrada e forró calcinha preta rasgando o tímpano chegamos. Mas, de cara, não tive uma boa impressão. Mal pagamos a taxa de extorsão e o guia local já veio falando mal da minha lanterna, começou a apressar a gente, puta má vontade. Peguei birra, já era. Pelo menos, aparentemente, não falou nenhuma besteira muito grave. Obviamente prestei atenção em cada vírgula. 

Caminhada tranquila e descemos para a gruta, alguns espeleotemas, mas nem se compara ao PETAR. Logo já surgia um grupo atrás de nós, era possível observar um grupo logo à frente também. Rolê 100% turístico, zero exclusividade, muito me lembrou meu tempo de guia de turismo, via a desmotivação no rosto dos caras, discurso automático. Sempre nos adrenando para ir mais rápido, e ter mais tempo para pegar outros grupos, o guia local foi nos conduzindo pela Lapa Doce. Em determinado momento tentou apagar a lanterna e fazer um black-out mas não rolou legal, muito barulho, muita claridade, o espaço percorrido é muito pequeno e tinha muita gente. Não curti.  





Chapada dos Veadeiros - Quilombo Kalunga

Depois de um tempinho de estrada de terra chegamos ao quilombo. A presença de um condutor local é obrigatória, como já estávamos com o guia não foi preciso contratar mais ninguém, apenas pagamos a taxa de extorsão (R$ 10,00) e entramos. Paramos rapidamente no restaurante da comunidade para agendarmos o almoço e fomos motorizados até as cachoeiras. Na volta das cachus, desfrutamos da refeição e, com muito calor e sol bombando, partimos rumo BSB. Tempo ainda para curtir um mirante onde observamos a Cachoeira da Ave Maria. Bonito. Nada de trilhas, só vislumbramos a paisagem. Ticado agradavelmente.


SP - Parque Anhanguera

Visitar o Parque Anhanguera era um projeto antigo, adiado por quase 10 anos. Lembro que logo após sair do Parque Estadual da Cantareira eu comentei com o Bodão para fazermos uma visita por lá, afinal é uma baita mancha verde no mapa da cidade. Quando eu tentei conhecer todos os 100 parques de São Paulo também ensaiei uma visita e nada. De última hora, numa troca de e-mails decidimos ir conhecê-lo. Carlota não pode ir, fomos apenas eu e Muller. Fizemos um mercadinho para o piquenique (não queríamos cometer o erro de Santo André) e marcamos na Barra Funda. Um certo atraso e descemos na Lapa. Tivemos dificuldade para achar o ônibus correto, pessoal nos ajudou e embarcamos num bumba (Perus) cujo número não estava nem no site da prefeitura, nem no da sptrans.  


Depois de um rolê pela Rodovia Anhanguera o busão entrou na Estrada de Perus, de pronto reconheci um boteco que havia visto no google street view e já dei o sinal, foi certeiro. Paramos ali no meio da estrada mesmo, andamos uns 50 metros e já estamos na portaria do Parque Anhanguera. De uma forma geral ele é uma antiga fazenda de reflorestamento de eucaliptos, bem conservado, muitos funcionários na segurança e limpeza. Porém a sinalização é péssima. Basicamente o uso público se resume à uma ciclovia que margeia um miolo formado por quadras, churrasqueiras, estacionamento, alguns bosques e alamedas. Tudo isso, sem contar as centenas de cachorros simpáticos que moram por ali, certamente abandonados à própria sorte por animais sem coração.

Seguimos por uma trilha bastante larga acima das quadras. Depois de alguns minutos de subida ela termina numa espécie de cerca, com uma picada à direita em descida. Caminhamos um pouco pela descidinha e depois retornamos imaginando que a nova trilha nos levaria de volta à estrada de Perus. Localizamos um outro caminho que saia à esquerda da trilha principal e seguimos por ele. Alguns minutos e milhares de eucaliptos depois a trilha se fechou quase completamente. Estávamos sem bússola, gps ou mapa, marcamos o horário e começamos a fazer um mini vara-mato. A trilha é bem legal, muito fechada, nenhum vestígio de atividades recentes, inclusive com vários pássaros nos recepcionando. Porém, estava um pouco tenso, não pelo medo de me perder ou pelas possíveis peçonhentas, mas sabia que as redondezas não eram das melhores no que tange ao bicho homem, e não queria ser desovado em Perus.   

Passamos por 2 bifurcações, sempre mantendo à esquerda, na direção de retorno circular ao centro do parque. Depois de uns 40 minutos encontramos um córrego e imaginamos que poderia ter uma outra trilha que chegava por ali. "Batata", assim que atravessamos já visualizamos uma trilha bem maior, inclusive com algum lixo. Subimos por ela, uma bifurcação e alguns minutos e já estávamos na ciclovia.

Pic-nic, orquidário, rolê na ciclovia e uma exploração em outra trilha (dava numa estrada com uma casa abandonada, decidimos retornar). O parque estava cheio, alguns aniversários nas churrasqueiras, bikes e estacionamento lotado. Já era hora de dar tchau, fomos bater um papo com os seguranças sobre as possibilidades de trilhas e eles nos informaram que a trilha que fizemos não era permitida, inclusive perigosa pela proximidade com uma comunidade junto ao parque, sendo refúgio de nóias da região. Assim, nossas suspeitas se confirmaram e aquela descidinha que abortamos no início era uma ligação com a favela vizinha. 


Saímos por outra portaria e pegamos um bumba até a Estação Perus da CPTM. Passamos por um baita acidente de carro, triste, Então, ao invés de pegarmos sentido Luz, embarcamos, propositadamente, sentido Jundiaí. Baldeação em Francisco Morato e depois de um tempo chegamos à centenária estação, ponto final da EFSJ. Já anoitecia e estávamos cansados. Compramos uma passagem de ônibus para São Paulo. Destino Barra Funda, mas o motora foi p/ o Tietê! Mas ok, sem stress.    

Roteiro muito sussa, ticado agradavelmente, mas sem pretensões momentâneas de retorno. Valeu pelo sábado.